quinta-feira, 15 de março de 2012

Raimon Panikkar - O diálogo inter-religioso é imparável


 
O diálogo inter-religioso tem altos e baixos, mas já ninguém o pode parar. Essa é a convicção do co-presidente do Parlamento das Religiões do Mundo. Filho de um hindu e de uma catalã, Raimon Panikkar é, ele mesmo, um ícone vivo desse processo de unidade. Padre católico, Raimon Panikkar, nascido em Novembro de 1918 em Barcelona, viveu, nos últimos anos de vida, sem televisão, na pequena aldeia de Tavertet, na Catalunha, onde recebia, uma vez por semana, quem com ele queria falar.
Publicou dezenas de livros (alguns traduzidos em português, como A Trindade, ed. Notícias/Casa das Letras). Vestia-se à maneira indiana e calçava sandálias. Era reconhecido e apreciado por muita gente da rua. Voz e rosto sereno, olhos tranquilos, o seu nome está entre os principais teólogos e filósofos europeus contemporâneos. Morreu em Tavertet a 26 de Agosto de 2010. As suas cinzas foram repartidas entre a aldeia catalã onde viveu e o rio Ganges, na Índia, conforme o seu pedido. 

 

terça-feira, 13 de março de 2012

«O Ladrão e o Querubim» e a, recentemente premiada, capela Árvore da Vida


brevemente nas livrarias

O Ladrão e o Querubim 


drama litúrgico cristão oriental

tradução e posfácio de 
Joaquim Félix de Carvalho
introdução de 
Carlos Nuno Vaz

A Cruz é o ícone máximo do perdão. É essa a teologia de O Ladrão e o Querubim.

Carlos Nuno Vaz


O Ladrão e o Querubim foi traduzido para português porque existe a capela Árvore da Vida. Desde 11 de Setembro de 2011, ficámos mais ricos com a boa notícia da «Capela encantada de Braga», assim intitulada pelo jornalista António Marujo. Ocorria o décimo aniversário dos atentados contra as Twin Towers do World Trade Center, em New Yorque. Reviam-se, sem conta, as imagens do horror. Homenagens e leituras políticas colhiam o interesse universal. Quem esperaria o anúncio da edificação de uma capela, na outra margem do Atlântico, em Braga, Portugal? Talvez um resto, animado pela esperança vigilante do profeta Jeremias, que, antes de fixar os olhos «n’uma panela a ferver» — as ameaças campeiam por todo o lado — vislumbra «um ramo de amendoeira». Deus disse-lhe: «Viste bem». Porque viu a ‘Primavera’, embora fosse ainda ‘Inverno’.
Joaquim Félix de Carvalho



                                             Fotografia de Asbjörn Andresen

«Capela Árvore da Vida vence prémio ArchDaily 2011 para 
edifício religioso com a melhor arquitetura

A capela Árvore da Vida, localizada no interior do Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo, em Braga, venceu o prémio ArchDaily 2011 para o edifício religioso com a melhor arquitetura.
Os leitores do site que reivindica o estatuto de mais visitado na especialidade deram o primeiro lugar à capela projetada pela empresa Cerejeira Fontes Arquitetos e concluída em 2011.
Entre os cinco finalistas estava o complexo paroquial do Estoril, concelho de Cascais (Roseta Vaz Monteiro Arquitetos) e a capela de Santa Ana, Sousanil, no concelho de Santa Maria da Feira (Gabinete e|348).
O padre Joaquim Félix, vice-reitor do Seminário Conciliar de Braga e professor da Faculdade de Teologia, explicou que a capela Árvore da Vida surgiu da vontade de «aprofundar a coerência entre aquilo que se ensinava e a expressão litúrgica praticada».
[...]»

Mais informação no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, de onde retiramos, com a devida vénia, este excerto.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Asma Barlas - Leituras erradas do Alcorão é que permitem opressão da mulher

                                                Foto Enric Vives-Rubio / Público

Investigadora e teóloga muçulmana, Asma Barlas diz que terão que ser as mulheres a libertar-se da opressão que ainda vivem no islão — uma realidade construída com base em leituras erradas e parciais do Alcorão.
Asma Barlas dirige actualmente o Centro de Estudos de Cultura, Raça e Etnicidade no Ithaca Colege, em Nova Iorque, e em 2008 dirigiu a cátedra Spinoza na Universidade de Amesterdão.
Entre os vários livros e as dezenas de textos de que é autora está «Believing Women» in Islam: Unreading Patriarchal Interpretations of the Qur’an. Os seus temas de eleição actuais são o lugar da mulher no islão, a hermenêutica do Alcorão e a relação do Ocidente com os muçulmanos.
A investigadora critica o que considera a exegese patriarcal do Alcorão e defende que as caricaturas de Maomé não tinham ironia nem eram divertidas, porque se limitavam a dizer o óbvio: o desprezo do Ocidente pelo islão.


Carlos Gil Arbiol - Igreja deve dar à mulher protagonismo que até agora lhe negou

                                                                                                                   Foto Público

A Bíblia tem que ser lida como contributo das ciências sociais, diz Carlos Gil Arbiol, biblista que recorre à antropologia cultural para entender o cristianismo da primeira geração. O que o leva a dizer que São Paulo se opunha ao culto ao imperador e que chegará o momento em que as mulheres recuperarão o papel de liderança que tiveram nas comunidades organizadas por Paulo.
Frade capuchinho, professor na Universidade de Deusto, no País Basco (Espanha), Carlos Gil Arbiol especializou-se na área da Bíblia e antropologia cultural dos primeiros tempos do cristianismo.
Autor de vários livros e artigos em revistas da especialidade (entre os quais, um sobre as comunidades instituídas por São Paulo, no n.º 1/2008 da revista Didaskalia, da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa), Arbiol nasceu em Tudela (Navarra), em 1970. Depois de licenciado em Teologia Bíblica, fez o doutoramento no Studium Biblicum Franciscanum e na École Biblique et Arquélogique Française (ambos em Jerusalém) e, ainda, na Universidade de St. Andrews, da Escócia. A sua tese versa o tema «A auto-estigmatização no movimento de Jesus. Ensaio de exegese sócio-científica». É autor de vários livros e artigos sobre o cristianismo das origens.



terça-feira, 6 de março de 2012

Josep M. Soler - Deus ama todas as pessoas, incluindo os homossexuais


A imagem de condenação dos homossexuais por parte da Igreja não corresponde à verdade, diz o padre Josep Soler, abade do mosteiro de Montserrat (Espanha). Em 2025, a abadia, que recebe dois milhões e duzentas mil pessoas por ano, completará um milénio sobre a sua criação. Soler é conhecido pelas suas intervenções públicas, algumas das quais marcam auditórios heterogéneos, como foi o caso, em 2004, do Parlamento das Religiões do Mundo, que decorreu em Barcelona.
Antes da realização desta iniciativa, o abade de Montserrat acolhera no seu mosteiro, a 60 quilómetros de Barcelona, uma assembleia de 500 líderes de várias religiões. No final destas iniciativas, Josep Soler diz que o diálogo inter-religioso pode ajudar a aprofundar a própria fé de cada um e afirma que os mosteiros têm um contributo a dar ao mundo contemporâneo.